segunda-feira, 15 de abril de 2024

CONVERSANDO SOBRE O AUTISMO - Distúrbios do sono e o Autismo


Os distúrbios do sono são muito frequentes em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo, atingindo 44% a 83% dessas crianças. As mesmas frequentemente relatam acordar frequentemente durante a noite e ter poucas horas de sono. Comorbidades como epilepsia, depressão e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade contribuem para a ocorrência do distúrbio do sono, visto que os próprios medicamentos que são indicados para as comorbidades podem causar insônias, como ocorre com quem tem TDAH, que os medicamentos estimulam o Sistema Nervoso Central.

Causas do distúrbio de sono

Ainda não há um consenso entre as causas, mas uma delas está relacionada ao hormônio melatonina, que é responsável por ajudar a regular os ciclos de sono-vigília. Para produzir a melatonina, o corpo precisa de um aminoácido chamado triptofano e alguns estudos apontam que em crianças com TEA, o nível do mesmo pode ser maior ou menor que em crianças neurotípicas (sem transtorno ou deficiência).

Principais problemas relacionados ao sono

Recusar ir para a cama;
Dormir por curtos períodos ou não dormir o suficiente todas as noites;
Dificuldade em adormecer e de permanecer dormindo;
Problemas de comportamento diurno associados a sono insuficiente à noite;
Protelar ou precisar da presença de um dos pais ou cuidadores até adormecer;
Bruxismo;
Terror noturno;
Sonambulismo.

Efeitos

Agressão;
Hiperativiade;
Irritabilidade;
Depressão;
Aumento de problemas comportamentais;
Dificuldade de aprendizagem e baixo desempenho cognitivo.

Tratamento

O tratamento para o distúrbio do sono ainda é um desafio, porém em 2020 a American Academy of Neurology (Academia Americana de Neurologia) publicou as Diretrizes Práticas para Tratamento de insônia e distúrbios do sono nas crianças e adolescentes com TEA na revista Neurology.

De modo resumido as diretrizes afirmaram que a presença de comorbidades devem ser avaliadas, pois podem contribuir para o distúrbio do sono, por isso é importante avaliar para trata-las de maneira adequada e para saber se o uso de alguma medicação pode atrapalhar o sono. Estratégias comportamentais devem ser o tratamento de primeira linha de forma isolada ou associada ao uso de melatonina. 

A prescrição de melatonina deve ser considerada se há comorbidades nos pacientes e se os mesmos não se beneficiaram das estratégias comportamentais. A melatonina via oral deve ser iniciada em dose baixa (1 a 3 mg/dia) 30 a 60 minutes antes da hora de dormir e titular o efeito, não excedendo 10 mg/dia. Os efeitos colaterais da melatonina devem ser considerados e discutidos com os pais.

A diretriz também orienta que os profissionais clínicos devem esclarecer aos pais que não há evidência que apoie o uso rotineiro dos dispositivos Sleeps Sound-to-Sleep System e weighted blancket para os distúrbios de sono, e devem relatar também que os estudos não mostraram efeitos colaterais significativos.

Orientações de como melhorar a qualidade do sono

Evitar estimulantes como cafeína e açúcar antes de dormir;

Estabelecer uma rotina noturna: banho, ir para cama no mesmo horário todas as noites, e leitura de histórias;

Desligar a televisão, videogames e outras atividades estimulantes pelo menos uma hora antes de dormir;

Evitar distrações sensoriais durante a noite.

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