O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta quinta-feira (22), para prestar esclarecimentos sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, mas se valeu do direito de permanecer em silêncio diante dos investigadores.
A estratégia já havia sido antecipada pela defesa de Bolsonaro. Ao longo da semana, os advogados do ex-presidente tentaram por três vezes adiar o depoimento – mas em todos os casos tiveram o pedido rejeitado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os advogados alegam que não tiveram acesso a todas as diligências e provas juntadas aos autos. Eles também solicitaram solicitaram acesso às mídias digitais do ex-assessor da presidência Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada.
A decisão do silêncio também pode preservar Bolsonaro do risco de entrar em contradição com outros investigados no caso. Além dele, foram convocados a prestar depoimentos figuras como os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa).
Todas as falas dos investigados foram marcadas pela Polícia Federal para o mesmo horário – justamente para verificar contradições em discursos e evitar combinações de versões entre partes.
Em entrevista, o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, frisou que o silêncio não foi mero uso do direito constitucional, mas se deve a um alegado desrespeito à paridade de armas no processo. Segundo ele, a falta de acesso à delação de Mauro Cid e às mídias obtidas em dispositivos apreendidos de investigados impedem o pleno conhecimento dos motivos que levaram à convocação do ex-presidente.
“Esse silêncio [no depoimento], quero deixar claro que não é simplesmente o uso do exercício constitucional silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos”, afirmou.
Bolsonaro chegou à sede da PF por volta das 14h20 (horário de Brasília) – 10 minutos antes do horário previsto para o depoimento. Ele permaneceu no local por cerca de 30 minutos.
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