Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido atiçados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) desde a sua derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.
Na semana da derrota, em uma rápida declaração, ele disse defender os atos, tendo ali apenas condenado os bloqueios de estradas por seus apoiadores.
Já no final da semana passada quebrou um silêncio de 40 dias com um discurso dúbio que também atiçou seus apoiadores.
O discurso na sexta foi salpicado de referências às Forças Armadas, repetiu a retórica de campanha e estimulou indiretamente manifestações antidemocráticas dos seguidores que contestam a vitória do petista em uma inédita derrota para um presidente que disputava a reeleição no país.
O caso mais recente de violência ocorreu nesta segunda-feira. Horas após a diplomação de Lula, uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) contra um indígena bolsonarista acabou em atos de violência em frente à sede da Polícia Federal e em vias de Brasília.
A PF cumpriu o mandado de prisão temporária contra José Acácio Serere Xavante e o conduziu até a sede da corporação.
O pedido foi da PGR (Procuradoria-Geral da República), que apontou o indígena como um dos integrantes dos atos antidemocráticos na capital federal atiçados por Bolsonaro.
José Acácio participou, entre outros atos, de um em frente ao hotel onde Lula está hospedado durante a transição.
O local teve a segurança reforçada após o início do confronto dos bolsonaristas com a polícia, e a praça dos Três Poderes foi fechada.
Com a presença do preso no prédio da PF, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir o local.
Após serem repelidos pela polícia, os manifestantes foram para outras vias da cidade e atearam fogo em ao menos dois ônibus e em carros.
Eles ainda depredaram postes de iluminação e tentaram derrubar um ônibus de um viaduto.
Até agora Bolsonaro não se manifestou sobre os atos de violência em Brasília desta segunda-feira.
Como mostrou recente reportagem da Folha de S.Paulo, a escalada da violência nos atos antidemocráticos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.
Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.
Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.
Casos como esses criaram uma espécie de curto-circuito na base bolsonarista, que se divide entre os que silenciam sobre os episódios violentos e os que os condenam, e por isso passaram a ser alvo de críticas das franjas mais radicais.
Desde a sua derrota nas urnas em 30 de outubro, Bolsonaro fez apenas três discursos públicos.
Nas duas ocasiões, ele não condenou a pauta golpista de seus aliados.
Nesta segunda, reportagem da Folha de S.Paulo revelou que caminhões usados em bloqueios antidemocráticos de estradas e avenidas do Centro-Oeste contra a eleição de Lula já estiveram envolvidos em crimes como tráfico de drogas, contrabando e crime ambiental registrados pela polícia.
As informações constam de documento enviado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) ao STF (Supremo Tribunal Federal), a partir do levantamento de placas dos veículos que participaram de um comboio organizado por manifestantes em Cuiabá (MT) no dia 5 de novembro.
VEJA CASOS DE VIOLÊNCIA PELO PAÍS
Brasília
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir o prédio da Polícia Federal em Brasília.
Após serem repelidos, os manifestantes foram para outras vias da cidade e atearam fogo em ao menos dois ônibus e em carros.
Eles ainda depredaram postes de iluminação e tentaram derrubar um ônibus de um viaduto
Rondônia
Parte da cidade de Ariquemes ficou sem água depois que manifestantes quebraram adutora com escavadeira.
Ministério Público investiga se houve crime de terrorismo por sabotagem a serviço público essencial à população.
Também houve ataque a caminhões com incêndio, depredação e saque.
Em outras cidades, um caminhoneiro e um carro foram apedrejados
Pará
Manifestantes atiraram contra agentes da PRF em Novo Progresso.
Ministério Público investiga se houve tentativa de homicídio qualificado e outros nove crimes
Mato Grosso
Em Lucas do Rio Verde, Homens invadiram e incendiaram caminhões em base de uma concessionária.
Em Sinop. dois caminhões foram atingidos por tiros.
Dois caminhões-tanque foram incendiados e um funcionário de concessionária foi sequestrado
Santa Catarina
PRF apura ocorrências criminosas promovidas por baderneiros com métodos de grupos terroristas e black blocs.
Houve bombas caseiras e rojões, além de pregos para furar pneus, pedradas e barricadas.
Um homem é suspeito de associação criminosa, desobediência de ordem legal e outros crimes.
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