A presença de agentes de segurança fora de serviço em situações de violência armada segue sendo uma realidade preocupante no Brasil. Entre janeiro e agosto de 2025, ao menos 136 pessoas foram baleadas em episódios envolvendo policiais ou agentes vinculados à segurança pública fora do horário de trabalho. O dado faz parte de um levantamento do Instituto Fogo Cruzado, que monitora a violência armada em grandes centros urbanos.
O estudo abrange 57 municípios e aponta que, em média, quatro pessoas são baleadas por semana na presença de agentes fora de serviço. O número representa um aumento de 5% em comparação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 130 vítimas.
Um dos casos mais emblemáticos do ano aconteceu em agosto, no Rio de Janeiro. O entregador de aplicativo Valério Junior foi baleado no pé por José Rodrigo da Silva Ferrarini, policial penal fora de serviço, após se recusar a subir até o apartamento de um condomínio em Jacarepaguá para entregar um pedido. O episódio ilustra o uso desproporcional da força por parte de agentes mesmo fora do trabalho.
Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foram mapeadas 70 vítimas em 2025, das quais 33 morreram. Já em Pernambuco, a Grande Recife registrou 15 baleados, com sete mortes. Entre os casos, está o assassinato de Amanda Carolina Pacheco Pereira, morta por um sargento da PM enquanto bebia com o companheiro em Jaboatão dos Guararapes.
Na Bahia, Salvador e região metropolitana somaram 28 vítimas: 14 mortos e 14 feridos. Um dos crimes mais chocantes ocorreu em Simões Filho, onde um policial militar atirou contra a companheira e depois tirou a própria vida.
O Pará também apresentou números alarmantes: 23 casos na Grande Belém, com 12 mortes. Em um deles, o personal trainer Alberto Wilson foi executado por um policial militar em frente à academia onde trabalhava. O agente foi morto por uma testemunha que reagiu à ação.
Entre as 136 vítimas mapeadas em 2025, as principais causas dos tiros foram:
Roubo ou tentativa de roubo: 72 casos
Homicídio ou tentativa de homicídio: 41 casos
Brigas: 18 casos
Motivo não identificado: 5 casos
Em relação ao ano anterior, as regiões metropolitanas registraram variações nos números: Rio de Janeiro (71 em 2024 para 70 em 2025), Recife (22 para 15), Salvador (17 para 28) e Belém (20 para 23), evidenciando uma redistribuição da violência, mas mantendo o nível de gravidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário