Prefeitura de Garanhuns

Prefeitura de Garanhuns

14 julho, 2023

GARANHUNS - DEPUTADO IZAÍAS RÉGIS E SUA DESVAIRADA DEVOÇÃO POR DOMINGUINHOS

O deputado Izaías Régis (PSDB), ao que tudo indica, tem uma devoção sem fim pelo cantor Dominguinhos. Parece que para o Excelentíssimo Deputado, é Deus no céu e Dominguinhos na terra.

Quando era prefeito de Garanhuns, Izaías Régis trouxe os restos mortais do cantor e fez um verdadeiro alarde, ainda, trocou o nome da praça de eventos de Guadalajara para praça Mestre Dominguinhos. Coisa que particularmente achei desnecessária, ainda colocou uma estátua do sanfoneiro  Eu acho até que ele pretendia que a tal estátua virasse ponto de peregrinação e que milagres começassem a ser creditados a Dominguinhos...

A devoção é tanta que o ex-prefeito foi o primeiro a falar que o tão esperado hospital municipal se chamasse "Hospital Municipal Mestre Dominguinhos", e ainda criou um festival denominado como? Festival Mestre Dominguinhos. Mas, a devoção não para por aí não. Hoje, sendo deputado estadual, Izaías Régis em seu projeto de resolução 794/2023, pediu que o nome de Dominguinhos constasse no  Livro do Panteão dos Heróis e Heroínas de Pernambuco - Fernando Santa Cruz.

Nada contra o cantor Dominguinhos, considerado um dos maiores sanfoneiros do país e herdeiro de Luís Gonzaga, mas será que não é exagero demais essa devoção toda? Será que o nobre deputado não teria um outro projeto que trouxesse desenvolvimento para Garanhuns? Daqui a pouco, o deputado inventa de trocar o nome de Garanhuns para "Santo Dominguinhos de Garanhuns", porque é só o que falta.

Confira abaixo o projeto de resolução.

Brasão da Alepe

PROJETO DE RESOLUÇÃO 794/2023

Inscreve o nome de Dominguinhos no Livro do Panteão dos Heróis e Heroínas de Pernambuco - Fernando Santa Cruz.

TEXTO COMPLETO

     Art. 1º Fica inscrito o nome de Dominguinhos - José Domingos de Moraes no Livro do Panteão dos Heróis e Heroínas de Pernambuco - Fernando Santa Cruz.

     Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICATIVA

Dominguinhos nasceu em Garanhuns, estado de Pernambuco, no dia 12 de fevereiro de 1941, filho de Maria de Farias e de Francisco Domingos (Chicão dos 8 Baixos), famoso tocador e afinador de sanfona de 8 Baixos. Com uma vida simples e muito ligada ao mundo musical, essa foi a sua infância na sociedade garanhuense na época.

Cresceu em uma família com muitos irmãos, que viviam com grandes dificuldades. Começou a tocar ainda na infância, quando formou um trio “Os Três Pinguins” com dois de seus irmãos.

No início de sua carreira musical, Dominguinhos tocava pandeiro e triângulo, mas ganhou do pai uma sanfona de oito baixos e o trio se apresentava nas feiras livres, em botequins e porta de hotéis de Garanhuns.

Como almejava ser um exímio tocador de acordeom, tocava exaustivamente o instrumento, razão pela qual passou a ser conhecido como Neném do Acordeom.

Em 1950, a vida de Neném do Acordeom passa a se transformar aos 9 (nove) anos de idade, quando conheceu Luiz Gonzaga no hotel Tavares Correia em Garanhuns, onde o trio estava sempre tocando na porta de entrada. O Rei do Baião ficou tão impressionado com seu talento e sua personalidade, convidando-o para ir ao Rio de Janeiro.

Em 1954, Dominguinhos, aos 13 (treze) anos, e seu pai viajam por meio de um caminhão “pau-de-arara” durante 11(onze) dias para encontrar Luiz Gonzaga no Rio de Janeiro. A partir desse fato, a sua vida particular e musical passa a tomar outras proporções.

Ao chegar ao Rio de Janeiro, foram para Nilópolis, onde morava um dos irmãos de Dominguinhos. No primeiro encontro com Luiz Gonzaga, foi presenteado com uma sanfona de oitenta baixos, passando a acompanhá-lo em seus ensaios, shows e gravações.

Em 1957, Neném do Acordeom foi rebatizado pelo próprio Luiz Gonzaga com o nome artístico de Dominguinhos. Nesse mesmo ano, fez sua primeira apresentação profissional, tocando sanfona na música “Moça de Feira”, acompanhando seu padrinho artístico.

Entre os anos 1957 e 1958, Dominguinhos integrou o grupo de forró “Trio Nordestino”, junto com Miudinho e Zito Borborema.  Ao deixar o trio, em 1958, passou a apresentar-se sozinho em casas noturnas, bares e em emissoras de rádios, divulgando suas músicas.

Ainda jovem, aos 18 anos, estava aos microfones celebres das rádios da época, tais como Rádio Nacional, Mayrink Veiga e Tupi do Rio de Janeiro. De tal maneira, a sua virtuosidade musical absorveu a experiencia de grandes instrumentalistas como Orlando Silveira, Chiquinho do Acordeom e outros nomes da música popular brasileira.

Em 1964, Pedro Sertanejo, dono da gravadora Cantagalo, convida Dominguinhos para gravar o seu primeiro disco, intitulado de “Fim de Festa”. Segue, em seguida, gravando outros dois discos.

Em 1967, voltou a fazer parte do grupo de músicos de Luiz Gonzaga, viajando por todo o Nordeste. Em uma dessas viagens, conheceu uma cantora também pernambucana, Anastácia, conhecida como Rainha do Forró, com quem compôs mais de 200 canções, entre elas, “Eu Só Quero um Xodó”, um de seus maiores sucessos.

Apesar de o forró e o baião fossem proeminentes em seu trabalho, Dominguinhos também fez parcerias com cantores de estilo musical diverso, como no show Índia de Gal Costa, em 1972.

Na década de 80, sucessos como “De Volta Para o Aconchego”, em parceria com Nando Cordel, interpretada por Elba Ramalho, e “Isso Aqui Tá Bom Demais”, que cantou em dueto com Chico Buarque, são icônicos. Com Chico Buarque, fez parceria na música “Tantas Palavras”, lançada em 1984 e cantada pelo próprio Chico Buarque.

Ademais, Dominguinhos teve o cantor Gilberto Gil como parceiro, especialmente nas músicas “Lamento Sertanejo” e “Abri a Porta”.

Com seu característico chapéu de couro e com vários álbuns gravados, Dominguinhos se apresentava por todo país, tocando com sua sanfona e as músicas que o consagrou.

Em 2002, Dominguinhos venceu o Grammy Latino, com o álbum “Chegando de Mansinho”. Voltou a gravar um tempo depois, quando recebeu o Prêmio TIM (2007) como melhor Cantor Regional com o disco “Conterrâneos” de 2006.

No ano seguinte, concorreu ao 8º Grammy Latino com o mesmo álbum na categoria Melhor Disco Regional. Em 2007, lançou um álbum em dueto com o virtuose do violão de Yamandu Costa. Em 2008, foi o grande homenageado do Prêmio Tim de Música Brasileira.

Em 2010, venceu o Prêmio Shell de Música e, em 2012, um ano antes de sua morte em 23 de julho de 2013, conquistou o Grammy Latino de Melhor Álbum Brasileiro de Raiz, com o CD e DVD “Iluminado”.

Em homenagem a Dominguinhos, o Governo Municipal de Garanhuns criou, em 2014, o Festival Viva Dominguinhos, evento que reúne grandes nomes da música nacional e regional a fim de perpetuar a herança cultural através de Dominguinhos. Apesar do hiato em razão da pandemia, o Festival Viva Dominguinhos chegará em sua 7ª edição em 2023.

Com as características de virtuoso, de gênio e detentor de grande humildade, Dominguinhos sempre será lembrado. Canções de sucesso que atravessam gerações, além de sua expertise instrumental. Em razão de todas essas qualidades, ele entrou para a história da música popular brasileira como um dos nomes mais relevantes, sobretudo como voz da cultura nordestina. Um ser distinto que orgulha, não somente os pernambucanos, mas qualquer um por sua história e por suas obras atemporais. Por conseguinte, torna inquestionável a aprovação deste Projeto de Resolução a fim de inscrever o nome de Dominguinhos - José Domingos de Moraes no Livro do Panteão dos Heróis e Heroínas de Pernambuco - Fernando Santa Cruz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário