Quando as pessoas falam de autismo, na maioria das vezes falam muito sobre crianças e quase nada de autismo na adolescência. Mas as crianças crescem, não é? E os desafios para os pais ficam bem diferentes. Os interesses mudam, o corpo ganha novas formas e quando funcionais, a socialização fica cada vez menos ligada à rotina dos responsáveis.
Além disso, há aqueles que nem chegam a ter o diagnóstico na infância e, de repente, precisam lidar com a descoberta bem nesses anos, que por si só, já são turbulentos. Por isso, preparamos uma série de dicas e informações que podem ser úteis para quem é pai, mãe, tio, irmão ou amigo de um autista adolescente. Assim, você estará preparado para acompanhar o ritmo das mudanças. E também vai poder ajudar esse autista a se preparar para a vida a adulta.
Como preparar o autista para as mudanças do corpo?
Esse é um momento difícil, tanto para os pais quanto para os filhos. Existem muitas coisas sobre puberdade que você vai ser responsável por explicar de um jeito funcional. Mas isso não vai ser mais fácil, mesmo que seu filho seja um autista de alto funcionamento.
Confira algumas dicas de como ajudar o autista a entrar nesse novo universo. Talvez seu filho seja sensível a cheiros. Por isso, o simples ato de supervisionar a escolha de um desodorante vai ser muito importante. Lembre-se de verificar se ele ou ela está mantendo a rotina diária.
O mesmo vale para a rotina de banho diário. Se não for um autista que tenha tanta dependência de supervisão, esse é, então, o momento de começar a deixar o banho mais independente.
Para os meninos, o uso de um barbeador elétrico é bem mais seguro e vai te poupar das preocupações com o risco de ferimentos.
Continue usando as ferramentas que já se adequavam para o ensino da criança – como histórias sociais, livros, aplicativos, etc. Eles vão complementar a educação sexual que já está no currículo de várias escolas. É importante abrir o jogo sobre ereções, menstruação e higiene íntima.
Autismo na adolescência e as expectativas intelectuais
Quando o assunto é a educação escolar, os autistas tem habilidades bem mistas. Alguns têm problemas de concentração. Outros não conseguem entender conceitos mais abstratos, enquanto outros tantos também conviverão com as comorbidades comuns do TEA, como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), e os de nível severo, que podem ter alguma deficiência intelectual e tudo isso vai influenciar na maneira como a educação acadêmica vai evoluir.
Porém, a comunidade autista geralmente leva a fama de serem grandes gênios. Embora isso não seja exatamente um mito, é uma realidade para cerca de – apenas – 10% das pessoas no espectro. É o que os médicos chamam de síndrome de Savant. ¹
O problema está justamente que espera-se muito mais do adolescente quanto se trata de habilidades de debate, leitura, escrita e compreensão do mundo do que de uma criança. Quando os adolescentes demoram a alcançar esse patamar, podem sofrer com a pressão interna e externa.
Além disso, a avaliação padronizada de provas e trabalhos pode ser um alívio para alguns, mas um problema para outros. Por isso, é muito importante manter, sempre que possível, uma adaptação do currículo escolar considerando cada pedaço dos problemas individuais desse autista.
A criança cresceu. E agora?
Quando seu filho autista é criança, existem vários comportamentos que vão variar de pessoa para pessoa. Eles podem ser não verbais, ou falarem pelos cotovelos. Podem ir muito bem na escola ou verem isso como um muro alto a ser escalado todos os dias. Eles podem, também, ter comportamentos bem extremos, ou simplesmente passarem despercebidos. Também é assim na adolescência, mas, no geral, alguns dos comportamentos listados a seguir aparecem com frequência em autistas dessa idade:
Dificuldade de entender ou ser entendido.
Enxergar as situações sociais de maneira mais direta e literal e bem menos intuitiva ou abstrata que os neurotípicos.
Dificuldade de fazer amizades ou relações amorosas.
Resistência as alterações na rotina e pouca flexibilidade às mudanças.
Alguns autistas podem enfrentar sensibilidades sensoriais com luzes, alimentos, texturas, entre outras coisas.
Alguns podem estarem mais predispostos a desenvolverem transtornos de ansiedade e depressão.
Outros têm comportamentos mais infantilizados.
Agora, tente olhar as coisas pelo ponto de vista de um adolescente. Tudo isso pode se acumular às novidades que vêm com essa fase da vida, e trazer muitos desafios e conflitos. Porém, nem todos os casos de autismo na adolescência vão ser muito difíceis. É sempre importante lembrar que o espectro é amplo, e cada experiência individual é única.


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