30 agosto, 2018

Corpo de bebê desaparece em hospital e é sepultado por outra família no interior



Em recuperação de um parto cesariana ocorrido no último sábado (25) no Hospital Universitário, em Maceió (HUPPA), as dores da dona de casa Gerlane da Silva, de 21 anos, deixaram de ser apenas físicas, depois que o bebê morreu duas horas após o parto. Para piorar o drama de Gerlane, ao buscar o bebê no hospital para sepultá-lo ontem (29), ela descobriu que o corpo de Ana Clara teria sido entregue para outra família, de União dos Palmares, na Zona da Mata, onde acabou sendo sepultado.

Em entrevista ao TNH1, Gerlane, ainda muito abalada, contou que seu desejo é muito simples. “Quero ter o direito de enterrar minha filha perto de mim”, pediu a dona de casa, que vive em Rio Largo, na região metropolitana.

Ela conta que os últimos dias de gravidez foram muito difíceis. “Consegui dinheiro com meus vizinhos para chegar ao HU na sexta-feira pela manhã. Só fui internada perto das onze da noite, quando já não conseguia andar direito”, relatou. “No dia seguinte, perto da meia noite, minha filha nasceu e viveu por duas horas”, relembrou. “Eu estava confusa por conta da anestesia e pedia para ver minha filha, mas não deixaram. Depois, fui informada de que ela tinha morrido”, disse, chorando.

O bebê de Gerlane permaneceu no segundo andar, onde nasceu, enquanto a mãe foi transferida para outro setor. “Me pediram para voltar na terça para pegar minha bebê. Quando estive lá ficaram me enrolando, dizendo que não tinha ninguém que pudesse me ajudar e me mandaram voltar no dia seguinte”, recordou. “No meu coração eu sentia que tinha algo de errado”, acrescentou.

Ainda de acordo com a dona de casa, ao chegar no hospital, na quarta-feira, os funcionários desconversaram e ela começou a chorar no balcão de atendimento. “Eu tava me sentindo humilhada, quando o pai da outra criança chegou desesperado, dizendo que tinham entregue uma bebê para ele enterrar como sendo o filho dele, que também nasceu lá e não sobreviveu”, relembrou

A certeza da troca dos corpos dos bebês se deu por uma coincidência, na recepção do Hospital. “Mostrei uma foto da minha filha no celular e ele reconheceu que era a mesma que ele tinha enterrado, no dia anterior”, disse Gerlane. “Ele me contou que entregaram o caixão fechado com minha filha dentro. A família quis se despedir do menino e quando abriu a caixinha, já em União, viram que não era o bebê deles”.

Desesperada com a troca, Gerlane conta que ouviu um dos funcionários dizer que ela tivesse calma porque “isso é comum de acontecer”.

EXUMAÇÃO DO CORPO

De posse de um documento emitido pelo HUPPA, a mãe foi até a Defensoria Pública de União dos Palmares para tentar a exumação do corpo de sua filha. “Não poderei me despedir dela como queria, mas pelo menos ela estará perto de mim, em Rio Largo”, lamentou.

Um funcionário da comarca da cidade de União informou ao TNH1 que ela precisa entrar com uma ação judicial na Vara Criminal ou da Infância, com pedido de urgência.

A defensoria Pública, por meio da assessoria, informou que a defensora de União está de plantão em outro município e orientou Gerlane a procurar a sede do órgão em Maceió.

HU INVESTIGA CASO

Em nota, o Hospital informou que “sobre a troca de corpos de dois bebês natimortos, no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, a instituição informa que lamenta o ocorrido e que já está realizando investigação preliminar interna.

O Hospital Universitário reforça que possui um procedimento operacional padrão, que determina e orienta como se dão a identificação dos corpos e a liberação para os serviços de verificação de óbito.

A unidade ainda ressalta que não irá medir esforços para continuar a dar assistência aos familiares, prestar todos os esclarecimentos necessários e ainda verificar a necessidade de adequação dos processos internos adotados no hospital.”

Caso a troca seja confirmada, os profissionais envolvidos no parto podem responder criminalmente.

FONTE: Dayane Laet, TNH1.

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