A cena é trágica e revoltante: um buraco aberto em plena via pública, no bairro de Cajueiro, Zona Norte do Recife, tirou a vida de um homem na madrugada desta terça-feira (1º). Josemir Alves da Silva, 57 anos, caiu de moto na cratera da Rua André Bezerra e morreu antes mesmo de receber socorro.
A vítima, que trabalhava como guarda do apito e mantinha um depósito pequeno em frente ao colégio da prefeitura.
Era madrugada; ele não viu o buraco
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado por volta das 5h, mas só pôde constatar o óbito no local.
Era madrugada, mas não há detalhes de quando o buraco apareceu. As pedras de calçamento estavam fora do lugar, e o afundamento do solo denunciava o risco de tragédia.
Foi necessário colocar galhos de árvore ao redor da cratera após o acidente. A maior parte dos galhos eram verdes, novos.
Quem vai responder por essa morte?
A pergunta que fica é: quem vai responder por essa morte? Quantos buracos ainda precisarão se abrir — e quantas vidas serão interrompidas — para que o poder público trate infraestrutura urbana como prioridade e não como retalho de promessa?
Somente depois da tragédia, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) enviou uma equipe ao local.
Prefeitura lamenta ocorrido
Em nota, disse que “lamenta o ocorrido” e informou que enviou uma equipe para iniciar os reparos, ou seja, o fechamento do buraco.
Segundo a Prefeitura, “trata-se de um abatimento na rede de drenagem que surgiu na via, fazendo o pavimento ceder”. Mas nada disso foi feito antes. Nada disso impediu a morte.
A Polícia Civil também se manifestou, por meio de nota, informando que está investigando o caso. O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML), e o inquérito segue em andamento.
“A morte dele foi um descaso do poder público”
Seu Josemir Alves da Silva, 57 anos, era o homem que caiu no buraco. A identificação foi confirmada pela própria filha, Graciele Lisboa da Silva, de 35 anos, que conversou com a reportagem, mesmo dizendo poucas palavras. Em meio à dor, ela fez questão de denunciar a negligência:
“A morte dele foi um descaso do poder público, da Compesa e da Prefeitura. Ele passava todos os dias nessa rua, mas não sabemos de que horas esse buraco foi aberto. A rua era mal iluminada”.
Segundo Graciele, o trecho sempre apresentou riscos. “A gente não sabe se a cratera abriu ou se a chuva cavou novamente. A gente pisando lá, sente a rua querendo afundar”, relatou.
O sepultamento será nesta quarta-feira (2), no povoado de Lagoa Nova, no município de Piranhas, em Alagoas, onde nasceu e cresceu toda a família. Josemir deixa esposa e cinco filhos — quatro mulheres e um homem.
“Vou lembrar do meu pai sempre como uma pessoa alegre, sonhando, vivendo, trabalhando para viver”, disse Graciele.
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