O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem Frei Chico (irmão do presidente Lula) como vice-presidente, movimentou R$ 1,2 bilhão em suas contas entre janeiro de 2019 e junho de 2025. Os dados são de um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPMI do INSS.
Desse total, R$ 586 milhões foram registrados como créditos (entradas) e R$ 613 milhões como débitos (saídas).
Saques e Depósitos em Espécie Preocupam Coaf
O Coaf destacou a complexidade das operações em espécie realizadas pelo Sindnapi. Nos últimos seis anos analisados, a entidade movimentou R$ 6,5 milhões em saques e depósitos em dinheiro vivo.
Segundo o Coaf, esse tipo de movimentação é difícil de rastrear, dificultando a identificação da origem dos recursos e dos beneficiários finais.
Repasses a Familiares de Dirigentes e Crescimento no Faturamento
O Relatório de Inteligência Financeira também revelou que empresas de familiares de dirigentes do sindicato receberam R$ 8,2 milhões da entidade no período. Os repasses foram feitos a companhias ligadas a parentes do atual presidente, Milton Baptista de Souza Filho (Milton Cavalo), e do ex-presidente, João Batista Inocentini (João Feio), falecido em 2023.
O faturamento do Sindnapi com os descontos em benefícios de aposentados cresceu 564% em cinco anos. De 2020 a 2024, o montante recebido pelo sindicato saltou de R$ 23,2 milhões para R$ 154,7 milhões.
Sindnapi é Investigado na "Farra do INSS"
O Sindnapi é uma das entidades investigadas pela Polícia Federal (PF) no escândalo da chamada "Farra do INSS" (descontos associativos indevidos ou sem autorização em benefícios).
O número de filiados do sindicato cresceu de 170 mil para 420 mil entre 2021 e 2023, período considerado o auge da farra dos descontos.
Nesse mesmo intervalo, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que o faturamento do Sindnapi saltou de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões.
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) indicou que o Sindnapi não conseguiu apresentar a documentação completa de nenhum associado em uma amostra aleatória.
Apesar das investigações da PF e dos indícios de irregularidades, o Sindnapi não foi incluído na investigação aberta pelo INSS (assumida pela CGU), que mirou associações com suspeitas de propina ou "fantasmas". O Sindnapi tem autorização para realizar os descontos associativos há mais de 10 anos.
O escândalo serviu de base para a Operação Sem Desconto da PF, deflagrada em abril, que levou à demissão do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ex-ministro Carlos Lupi.
A coluna tentou contato com o Sindnapi, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
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