Pernambuco registra um cenário alarmante na violência de gênero. O número de feminicídios até o fim de novembro de 2025 já ultrapassou o total de 2024.
Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), 82 mulheres foram mortas em razão de sua condição de gênero desde janeiro deste ano. Em 2024, foram 76 casos. Comparando apenas os 11 primeiros meses, houve um crescimento de 20,5% (82 casos em 2025 contra 68 no mesmo período de 2024).
O levantamento da SDS mostra a variação dos casos nos últimos anos:
2020: 75 casos
2021: 87 casos
2022: 72 casos
2023: 83 casos
2024: 76 casos
2025: 82 casos (até novembro)
Casos Recentes e a Dependência Financeira
A violência tem gerado grande comoção, como nos recentes casos no Grande Recife. Isabele Gomes de Macedo (40 anos) morreu em um incêndio provocado pelo marido, e Priscila Carla Pimentel (32 anos) foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro. Em ambas as situações, a dependência financeira em relação aos agressores era um fator presente.
A repercussão desses crimes impulsionou um protesto nacional no último fim de semana, com milhares de pessoas marchando no Centro do Recife pedindo políticas mais duras.
Para a professora de sociologia Liana Lewis, da UFPE, o combate a essa "epidemia" passa necessariamente pelo viés econômico.
Lewis aponta que pesquisas indicam que cerca de 40% das mulheres que são dependentes financeiras e ficam vinculadas à atividade doméstica sofrem violência. Ela lamenta a contradição de o lar se tornar um "espaço do perigo e da agressão".
A especialista destaca que o Brasil é o quinto país do mundo em assassinatos de mulheres e defende que o governo invista em programas de qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho para as vítimas. Essa política deve ser ampla, abrangendo aspectos culturais, de segurança pública e formação de profissionais.
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